Eurico Borba, Relexões sobre a Crise Global ......

Sociologia´, Política e Religião

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Não queremos Paz, queremos Guerra...
Não queremos PAZ, queremos GUERRA...

A violência nas grandes cidades, objeto de reportagens diárias, a corrupção instalada nos três poderes da Republica, a anarquia social em que vive o país obriga ao povo brasileiro a uma tomada de posição política conseqüente. Os manifestos, discursos e editoriais, há anos apresentados, não são mais suficientes para restaurar a dignidade publica, a ordem necessária para o funcionamento de uma sociedade democrática. Poucos cidadãos parecem entender que a possibilidade de recuperação, de bandidos crescidos e amadurecidos no crime, para a convivência civilizada em sociedade é uma hipótese de política publica com escassa chance de sucesso. Bandidos devem ser presos de acordo com a lei – se resistirem devem ser contidos com a força necessária. Esta posição política precisa ser entendida e apoiada pela sociedade, exigindo o fim da bandidagem que, praticamente, está condicionando o nosso dia a dia.
Fico preocupado quando percebo muitos cidadãos e cidadãs, numa verdadeira perda de tempo e de demonstração publica de enorme ingenuidade, participarem de caminhadas pela paz...
Que paz é essa que se apregoa quando se está assaltando na esquina e traficando drogas na porta da escola? Que ilusão tola é essa de que apelos, mãos dadas, orações, vão resolver o problema do crime organizado? Alguém, de sã consciência, pode, com honestidade, imaginar que apelos pela paz, pela fraternidade, sensibilizarão os corações e mentes da canalha que se espalhou de forma organizada pelo mundo inteiro? Tais atitudes, estéreis, só contribuem para enfraquecer e confundir a vontade de um povo na luta por um necessário e indispensável clima social e jurídico de ordem e segurança, que todo sistema democrático necessita para, inclusive, se aperfeiçoar. Os bandidos não vão mudar atendendo aos apelos: vão, sim, ter mais tempo para aperfeiçoar suas praticas nefandas.
Que a violência encontra condições propícias para prosperar no nosso mundo injusto, com péssima distribuição de renda, com educação de qualidade restrita às classes privilegiadas, todos sabem e ninguém discute. Esta é uma questão maior que alguns países resolveram ou estão resolvendo de forma satisfatória, mas o Brasil não.
O estado democrático de direito se desenvolveu apesar do mal que sempre existiu. Houve época que mulheres e homens de bem, com idéias, mas algumas vezes também com armas na mão, transformaram o mundo enfrentando a opressão e perversidades institucionalizadas, como foi o caso do nazismo e mais recentemente do comunismo. Não fizeram passeatas pedindo paz, que tem eficácia política em determinados momentos históricos muito especiais e raros. Lutaram pelos seus direitos. Não colocaram grades em suas casas para se protegerem nem deixaram de sair às ruas para se divertir. Enfrentaram os que lhes causavam mal impedindo o progresso do processo civilizatório. Liberdade, direito de defesa, discussão ampla das alternativas possíveis para a construção do futuro, eleições de representantes do povo honestos e competentes, leis justas, são componentes fundamentais de uma sociedade democrática. Acovardamento perante os bandidos é retrocesso. Desviar os olhos de atentados à lei é retrocesso. Sistema judiciário lento é retrocesso. Desculpar, sempre, o mal feito não é nem caridade nem sabedoria - é incapacidade de ser herdeiro das conquistas democráticas que nossos antepassados nos legaram.

Eurico de Andrade Neves Borba, 68 anos, escritor,economista, é aposentado e reside em Ana Rech-RS. Foi Presidente do IBGE; Diretor Geral da Escola de Administração Fazendária; Secretario Geral do MEC; Professor, Diretor do Departamento de Economia e Vice-reitor da PUC RIO, Conselheiro da Funarte e do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Presidente do Conselho Nacional da União dos Escoteiros do Brasil, representante do Brasil na Comissão de Estatística da ONU.
Eurico de Andrade Neves Borba
Enviado por Eurico de Andrade Neves Borba em 21/03/2009


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