Eurico Borba, Relexões sobre a Crise Global ......

Sociologia´, Política e Religião

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Eleições Diretas Já
                          Eleições Diretas Já

Publicado no jornal O Globo, 12/06/2016, RJ

A política num país democrático é o único caminho para a concretização dos sonhos coletivos. Isto é um fato e uma verdade. No entanto, com a indecência preponderando, com a multiplicidade de tolas idéias conflitantes, com a gravidade dos problemas econômicos e sociais, estabeleceu-se um grande tumulto de opiniões inconclusivas.
Desconfio, entretanto, que um tênue fio de luz esclarecedora possa surgir do ensinamento de velhos mestres, já esquecidos. Refiro-me àqueles que conheci: Alceu de Amoroso Lima, Raul Pilla, Franco Montoro, Ulysses Guimarães, Afonso Arinos e Tancredo Neves. Além de sólida cultura filosófica, histórica, jurídica e literária, também militaram na política com sucesso e exemplar testemunho. O que os distinguia dos demais? O que me leva a lembrá-los como sinais de uma possível alternativa para a nossa pátria? Em primeiro lugar a elegância de conduta, a dignidade pessoal e o patriotismo de todos eles – lideres nacionais. Depois, com o auxílio de uma única palavra auto-esclarecedora, procuro resumir a bandeira de luta de cada um: Alceu a ética, Pilla o parlamentarismo, Montoro a solidariedade, Ulysses a persistência, Arinos a independência e Tancredo a democracia. Como eles fazem falta hoje em dia...
Não tratavam de metas mensuráveis por estatísticas: baixar a inflação, diminuir o desemprego, crescer a produção. Não. Lidavam com princípios, pressupostos que se adotados pela maioria da população conduziria, inevitavelmente, o Brasil ao desenvolvimento integral, à educação de qualidade, à justiça social, à proteção ambiental, à paz internacional. Eles estavam certos, eles perceberam a sabedoria da construção humanista da história e dela foram protagonistas. Seus chamamentos, que as pessoas na sua maioria adere pelo simples fato de ser um apelo lógico e natural à essência do humano: a liberdade cooperativa.
É tudo muito diferente do que hoje se percebe no mundo político: pobreza intelectual, amoralidade, corrupção sistêmica, egoísmo, mentira institucionalizada, prevalência do individualismo. O pior é que os atuais políticos se consideram ungidos pela racionalidade e objetividade – só eles sabem interpretar e operar a máquina da política. Ninguém mais. Quem pensa ao contrário é afastado e desmerecido com raciocínios simplistas do tipo: é um sonhador ingênuo, não percebe que o povo é imediatista e pensam “com o estomago e com o bolso”, os políticos é que sabem como conciliar os sonhos com a realidade, pois, só eles são realistas... O eleitorado deixa-se levar pela demagogia sedutora dos marqueteiros amorais à serviço da política – que vendem de sabonetes a candidatos.
Triste o futuro que nos aguarda nas mãos dessas pessoas desonestas e irresponsáveis – que não sabem sonhar nem aliviar os sofrimentos da sociedade. Não propõem nada de novo para solucionar os graves problemas que o futuro claramente aponta, pois são incompetentes e, corruptos. Será que a atual classe política dominante esperará para sair de cena até o instante em que a sociedade, em fúria, os ponha para correr debaixo de bofetões? Saibam que o povo brasileiro está muito próximo desta medida extrema. Uma revolução anárquica, sem bandeira e sem liderança, mas, certamente, um radical basta ao deboche institucionalizado que impera.
Por tudo isso é que continuo a insistir, acreditando que, apesar de um processo de difícil condução, ser a melhor solução para a nossa pátria estas eleições gerais já, para o nível federal. Alertado pela gravidade da atual situação e dos últimos acontecimentos o eleitorado saberá votar com sabedoria e responsabilidade: poucos partidos novos, caras novas honestas e competentes, no legislativo e no executivo, tendo como guias de suas vidas publicas os pressupostos da dignidade, da ética, da justiça social, da liberdade e da democracia que nossos antepassados nos legaram. Precisamos, sob pena de nos esfacelarmos como nação, voltar a sonhar e saber tocar a realidade com a luz dos nossos sonhos.

Eurico Borba, 75, aposentado, escritor, Ana Rech, Caxias do Sul, RS.

Eurico de Andrade Neves Borba
Enviado por Eurico de Andrade Neves Borba em 12/06/2016
Alterado em 28/08/2016


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