Eurico Borba, Relexões sobre a Crise Global ......

Sociologia´, Política e Religião

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A tragédia da grande enganação.

A tragédia da grande enganação

Publicado no Blog Diário do Poder, Brasília, de 27 de novembro de 2019.
A maioria das populações está sendo enganada quanto ao futuro. Estamos participando do esfacelamento do processo civilizatório, aonde a minoria que conduz os acontecimentos sabe que existem graves erros sociais, que se aprofundam e destinos tenebrosos que nos aguardam. Nada de efetivo é feito para mudar o curso dos acontecimentos. As populações, que vivem à margem do processo decisório, preocupados com o dia a dia da sobrevivência, apoiam quaisquer políticos que prometem o paraíso para os que vivem no inferno do desemprego, da ausência de saúde publica eficiente, de educação de qualidade, de moradia decente, de transporte e do mínimo necessário de alimentação.
Com o fracasso das experiências marxista-leninista e nazifascista, resta a opção liberal capitalista para embasar os sonhos de atendimento das necessidades básicas das populações. O sistema majoritariamente instalado e funcionando, que se propõe atender os anseios da humanidade, tem como alicerces os valores morais da liberdade, da justiça, da paz e da solidariedade. A democracia, ambiente politico de convivência, amparado por esses valores morais, precisa ser promovido e defendido. No entanto, o sistema liberal capitalista não resolveu a questão da pobreza nem a do desnível na distribuição da riqueza gerada. A ganância, o egoísmo, o desejo de poder, vícios perversos que distorcem a convivência humana naturalmente solidária, sobrepujaram as virtudes.
É inegável que o mundo atual encaminha-se para o caos. Novas formas de pensar, de organizar e fazer funcionar as sociedades poderão superar a anarquia instalada. Os responsáveis por tal missão estão se omitindo e mentindo, enganado os povos sobre o desastroso futuro que a todos aguarda.  
O estilo de vida consumista e individualista fixou-se como padrão do comportamento e do pensar coletivo.
Vivemos num mundo que foi decidido no passado. Precisamos criar o futuro das novas gerações agora, enquanto resta algum tempo.
A grave questão ambiental não recebe a devida atenção dos políticos e empresários, de tal forma que possamos começar estabelecer as medidas que poderão vir a salvar a humanidade.
A automação está nos conduzindo a um terrível dilema: - não haverá empregos para todos. Robôs, inteligência artificial, substituirão seres humanos – só os mais capacitados intelectualmente sobreviverão, em patamares superiores de convivência, dirigindo os destinos do planeta.
O desnível na distribuição da riqueza gerada, entre pessoas e regiões do planeta, está aumentando de forma inaceitável do ponto de vista moral – é uma situação que se consolida de forma inadmissível.
Pode-se imaginar que em algumas décadas, se nada for feito, haverá uma divisão física entre os que possuem e desfrutam dos cada vez mais sofisticados bens e serviços e os que vivem do outro lado dos “muros”, sobrevivendo com as “esmolas” que os governos deverão providenciar. Com as atuais estruturas sócio-políticas de governança não podemos, sequer, sonhar em possibilitar uma pobreza digna, para a maioria das pessoas marginalizadas do processo.
É provável que as atuais configurações politicas conduzam a violentas confrontações físicas desordenadas, sem objetivos claros a serem conquistados, apenas motivadas pela reação a insuportável atual forma de organização social - cínica e injusta. Prestem atenção para as inúmeras violentas manifestações de rua que já estão agora acontecendo, em várias grandes cidades em todo o mundo.
A alternativa democrática – a saída humana disponível – encontra-se em instituições, leis e práticas que não mais funcionam como deveriam, para atender os anseios da maioria dos povos. Isso ocorre por força das novas formas de atuar da mídia, da propaganda e da maneira como as pessoas estão passando a se educar, a se informar e a se comunicar nas chamadas redes sociais: - são informações superficiais e muitas vezes       mentirosas, destinada a atender aos interesses da classe dominante.
A intelectualidade politica sabe que o Estado – responsável pela promoção do bem comum – deverá passar a ter uma ação mais presente, ao lado da atuação do mercado livre e socialmente regulado, assegurando, por meio de representantes legitimamente eleitos, competentes e honestos, a preservação da democracia e do desenvolvimento sustentável e integral.
A ética não é instrumento de trabalho da economia ou da administração, e sim da politica. Os pressupostos éticos que conduziram a humanidade a níveis de convivência humana esperançosa de futuro mais justo, na Civilização Ocidental, foi o resultado da pregação das Igrejas Cristãs. A recuperação de tais pressupostos passaria a permear a vida dos povos, como no passado. Tais crenças, fundadas na dignidade inata da pessoa humana e no ideal da solidariedade, seriam as bases de sustentação da ação politica, fixando a necessária unidade de perspectivas para a constante construção do bem comum e da paz.

Eurico de Andrade Neves Borba, 79, aposentado, ex professor da PUC RIO, ex Presidente do IBGE, mora em Caxias do Sul





Eurico de Andrade Neves Borba
Enviado por Eurico de Andrade Neves Borba em 28/11/2019


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